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O protagonismo feminino na gastronomia e a luta pelo comando das cozinhas

Lorena Martins (centro) com Carol Daher (esq.) e Ju Duarte (dir.) debatem sobre o protagonismo feminino na gastronomia. Crédito: Duda Gomes

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A baixa presença feminina no comando de cozinhas profissionais revela desafios estruturais que exigem mais visibilidade, apoio e ações concretas para promover a equidade e fortalecer o protagonismo feminino na gastronomia

Duda Gomes 13/03/2025 | 12:03

Apesar de representarem quase metade da força de trabalho no setor de alimentação fora do lar, as mulheres ainda enfrentam barreiras para alcançar cargos de liderança em cozinhas profissionais. Mesmo altamente qualificadas, muitas mulheres esbarram em preconceitos, na falta de oportunidades e na necessidade constante de provar sua competência.

Segundo um estudo da FGV em parceria com a Abrasel, 49% da força de trabalho formal do segmento é feminina, mas apenas 7% das cozinhas dos estabelecimentos mais renomados do país são comandadas por mulheres, de acordo com o site especializado Chef’s Pencil. Essa discrepância entre presença e liderança reflete um desafio estrutural no setor e evidencia o longo caminho que ainda precisa ser percorrido para garantir equidade e representatividade.

A luta por esse reconhecimento foi tema central do evento "Fogo Alto: Jogando luz sobre a gastronomia feminina", realizado em Belo Horizonte (MG). O encontro reuniu especialistas para discutir os desafios que impedem mais mulheres de assumirem protagonismo no setor e como a mudança pode ser impulsionada pela união feminina e pela visibilidade na mídia.

A jornalista e curadora gastronômica Lorena Martins, mediadora do painel, reforçou a importância de levantar o debate não apenas em março, durante o Mês da Mulher, mas durante todo o ano.

"Precisamos falar sobre isso, debater e dar voz às mulheres na gastronomia. Não há outra forma de iniciar essa mudança se não trouxermos essas pautas para o centro das discussões, especialmente na mídia", destacou.

O peso da validação constante

Para muitas profissionais da área, um dos maiores desafios não é apenas ocupar um espaço, mas ter que provar repetidamente sua competência. A jornalista e curadora gastronômica Carol Daher, do projeto Fartura, ressaltou que as mulheres muitas vezes precisam reafirmar sua capacidade em um setor historicamente dominado por homens.

"É muito ruim a gente ainda ter que lutar para provar o que somos, apenas por causa do gênero. Precisamos mudar essa realidade, nos unir, apoiar umas às outras e agir com cuidado e empatia", afirmou.

O impacto da liderança feminina

A chef Ju Duarte contou como a Cozinha Santo Antônio se tornou exclusivamente feminina e o impacto positivo dessa energia na gastronomia. Crédito: Duda Gomes 

Quando as mulheres assumem o protagonismo, a forma de gerir uma cozinha também se transforma. A chef e empreendedora Ju Duarte, à frente da Cozinha Santo Antônio, trouxe um exemplo real dessa mudança ao compartilhar sua experiência.

O restaurante, aberto poucos dias antes da pandemia, passou por um momento decisivo quando a equipe masculina deixou o time. As mulheres permaneceram e, a partir daí, a cozinha passou a ser exclusivamente feminina. Para Ju, essa transição mostrou a força da energia feminina na gastronomia e como a gestão entre mulheres fortalece o ambiente de trabalho.

"Passamos um tempo apenas entre mulheres, e foi nesse período que compreendi a força dessa energia dentro da cozinha. Nossa equipe é barulhenta, alegre, forte e poderosa", contou.

Além do impacto na gestão, a chef também ressaltou a importância da representatividade. "Acredito que devemos aproveitar todas as oportunidades para marcar presença, refletir, lutar e reafirmar a importância da mulher na gastronomia", afirmou.

 

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