Viralizar nas redes sociais ou vencer um concurso gastronômico pode mudar o rumo de um bar ou restaurante. Filas dobram, reservas esgotam e o nome do estabelecimento ganha repercussão nacional. Mas, para que esse sucesso seja mantido, é necessário planejamento, adaptação e estratégia.
Filipe Pereira Tosta, do Comida di Buteco, explica que o movimento pode crescer até 40% nos bares participantes. Isso impacta diretamente a rotina, exigindo controle de estoque, reforço na equipe e ajustes no fluxo de compras para evitar desperdícios e desabastecimento.
Manter a essência, investir em processos e construir vínculo com os clientes é o caminhoFilipe Pereira TostaA estrutura organizacional também precisa evoluir. Pequenos negócios, geralmente sem planejamento formal, enfrentam dificuldades com capital de giro, fornecedores e gestão financeira, o que pode comprometer a operação diante da alta demanda.
Outra preocupação é a experiência do cliente. A pressa em expandir mesas e serviço pode comprometer a qualidade. Filipe alerta: é preferível atender bem dentro da capacidade do que decepcionar e perder o novo público.
O verdadeiro ganho da visibilidade está no médio e longo prazo. A fama pode ser imediata, mas a fidelização exige consistência e entrega. “Manter a essência, investir em processos e construir vínculo com os clientes é o caminho”, diz Filipe.
O renascimento do Já Tô Inno
O bar Já Tô Inno, de Belo Horizonte (MG), ilustra como transformar um momento crítico em trajetória de sucesso. Criado por Washington Grenfell em 1996 como churrasco a quilo, o negócio enfrentou uma queda acentuada em 2013, quase encerrando as atividades.
Foi ao receber o convite para o Comida di Buteco que Washington decidiu arriscar: reformou o espaço, mudou o cardápio e se preparou para um público muito maior, mesmo sem estrutura adequada ou capital disponível.
Sem referências de movimento, usou a intuição e buscou conselhos. O resultado surpreendeu: casa cheia, reconhecimento e o primeiro prêmio. Com isso, veio o desafio de manter o bom momento após os holofotes.
A estratégia começou pela equipe: saiu do modelo familiar e contratou profissionais. Depois, redesenhou o cardápio com petiscos autorais, adequados ao novo conceito e alinhados às expectativas dos clientes.
Washington também apostou em conexão com o público. Ao compartilhar os bastidores e contar sua história, criou um vínculo emocional com a clientela.
Ele resume sua lição em três pilares:
- estrutura;
- identidade; e,
- visão de longo prazo.
Redes sociais: da viralização ao relacionamento
No ambiente digital, o sucesso pode chegar com ainda mais rapidez. Um vídeo viral é capaz de atrair multidões. Foi o que ocorreu com o DNA House, restaurante de Belo Horizonte, após aparecer em um perfil de indicações gastronômicas.
Viralizar atrai o público, mas é a experiência que faz ele retornarIvani QueirozSegundo a proprietária Ivani Queiroz, o impacto foi imediato: crescimento nas filas e no faturamento. E a resposta também foi rápida: reforço de equipe, ajustes no atendimento e cuidados com a recepção dos novos clientes.
Em uma segunda viralização, mais preparados, otimizaram a operação. Com autoatendimento por tablets, reduziram filas e aceleraram o serviço, além de treinar a equipe para manter a qualidade e o acolhimento.
Ivani destaca que o cliente que chega por um vídeo viral espera uma experiência real e positiva. O atendimento atencioso, a agilidade e o ambiente acolhedor são determinantes para que ele volte.
Para lidar com o sucesso repentino, ela recomenda atenção à estrutura física, organização interna e presença digital ativa. Críticas e sugestões também devem ser encaradas como oportunidades de melhoria. "Viralizar atrai o público, mas é a experiência que faz ele retornar", conclui Ivani.
*Texto adaptado da edição 162 da Revista B&R - Leia a matéria completa na Revista B&R
