A guerra do delivery de alimentos no Brasil vive um momento de intensa disputa. Em franca expansão desde a pandemia de Covid-19, o modelo já viveu altos e baixos e, agora, passa por uma iminente transformação.
Em 2025, o cenário que aparentava ter um comportamento já predeterminado com a liderança do iFood, foi marcado pela chegada de novos competidores, o retorno de players conhecidos e movimentações estratégicas das empresas já estabelecida.
As mudanças ganham ainda mais força com o papel da Abrasel, ao apresentar o Plano de Reestruturação do Setor de Alimentação Fora do Lar.
Meituan chega, Rappi ataca e 99Food retorna
Um dos movimentos mais significativos é a chegada da gigante chinesa Meituan, que desembarca no Brasil com sua marca Keeta, que já opera em Hong Kong e na Arábia Saudita.
A empresa, que é uma potência no mercado chinês, anunciou o investimento de R$ 5,6 bilhões e já estabeleceu escritório em São Paulo.
A estratégia inicial da Keeta inclui a oferta detaxas reduzidas para restaurantes parceiros, buscando atrair estabelecimentos insatisfeitos com as condições praticadas pelos concorrentes e rapidamente ganhar mercado.
Também focado em participar da guerra dos aplicativos de entrega do país, a Rappi anunciou recentemente, junto a outros players do mercado um modelo pioneiro de tarifa zero para restaurantes parceiros, além de um programa que permite a venda por delivery no WhatsApp.
Paralelamente, o 99Food, que havia encerrado suas operações no Brasil em abril de 2023, anuncia seu retorno ao mercado. A volta faz parte da estratégia da 99 de expandir sua atuação como um "super app" no país e vem acompanhada de um investimento de R$ 1 bilhão.
Contra-ataque e estratégia de guerrilha
Diante desse cenário acirrado, o iFood, líder no mercado brasileiro, abraçando cerca de 80% do mercado, também se movimenta. Uma das ações de destaque é a parceria estratégica firmada com a Uber para compartilhamento de serviços.
Prevista para começar no segundo semestre de 2025 em cidades selecionadas, essa aliança visa fortalecer a posição de ambas as empresas e criar sinergias para enfrentar a concorrência crescente, especialmente a vinda de players internacionais.
Além disso, o iFood tem investido em empresas com o objetivo de digitalizar os restaurantes para além do serviço de delivery, buscando oferecer um leque maior de soluções aos seus parceiros.
Apesar da liderança, o iFood continua a ser alvo de discussões sobre suas taxas e contratos de exclusividade, questões que já foram, inclusive, alvo de atenção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Nesse contexto de movimentação intensa no mercado de delivery, a Abrasel desempenha um papel fundamental. A entidade tem acompanhado de perto as movimentações dos aplicativos, têm buscado garantir um ambiente de negócios mais justo no setor de alimentação fora do lar.
A Abrasel encabeça um Plano Nacional de Restauração, que conta com a adesão de grandes empresas do ramo, visando a reestruturação e o fortalecimento de todo o setor de alimentação fora do lar no país.
A guerra do delivery no Brasil
- A entrada agressiva da Meituan (Keeta) com alto investimento e estratégia de taxa zero;
- O retorno estratégico do 99Food com investimento significativo e condições de taxa zero para seus clientes;
- As respostas do iFood, incluindo a parceria com a Uber e investimentos em digitalização para manter sua liderança;
- Plano de Nacional de Reestruturação do setor de alimentação fora do lar, liderado pela Abrasel;
- Rappi anunciando taxa zero em seu aplicativo.
Esse cenário promete trazer novidades e impactar a forma como consumidores e restaurantes interagem com as plataformas de delivery no Brasil.