"O segredo do nosso sucesso é a autenticidade!". É assim que André Silveira, uns dos sócios do Grupo Hungry, categoriza a fama obtida pelos quatro estabelecimentos que está à frente. Juntamente com a chef de cozinha e sócia Mariele Horbach, eles lideram as operações dos botecos Garota da Vila, Bar Jobim e Garota da Chácara.
Com doze anos de existência, os botecos entregam aos clientes uma experiência típica carioca em diferentes regiões na capital paulista. Como explicam os empresários, os botecos buscam trazer a essência da boemia carioca para São Paulo.
“O que vendemos é justamente os bares do subúrbio. Nosso cardápio, é aquela coisa da Lapa. O que o paulista quer é justamente isso, a simplicidade e a autenticidade. Esse é o nosso grande diferencial e o que está nos tornando referência”, explica Horbach.
O diferencial competitivo está na forma como a experiência cultural é passada. Sendo ela na decoração, no cardápio, nos pratos clássicos que existem no Rio de Janeiro, nas vestimentas que os garçons usam para remeter à boemia carioca, nas trilhas sonoras. Tudo é pensado detalhadamente para ser um refúgio da rotina paulistana no estilo carioca de ser.
Assim, inspirados pela experiência profunda, os botecos da holding contam com atendimento, musicalidade, decoração e culinária totalmente inspirados na cidade maravilhosa.
Bares com estética carioca da gema
Como parte essencial para promover uma experiência cultural imersiva aos clientes, os empresários apostam em uma estética que seja fiel aos tradicionais bares do bairro da Lapa e demais símbolos da boemia carioca.
Usando uma decoração que traz referências ao que é visto no Rio de Janeiro, Silveira e Horbach complementam a ambientação com elementos que remetem às suas histórias de vida.
Ele, nascido no Rio, e ela, gaúcha, mas carioca de coração e vivência, incorporam elementos pessoais na decoração. “Brincamos que todo cliente precisa gostar um pouco da gente, porque vê muito da nossa verdade” revela Silveira, que tem seu violão, pranchas e a sua camisa do Fluminense como parte da composição do ambiente.
Além de toda a estética que remete à cultura carioca, os clientes também são convidados a participarem do contexto.
“A gente já prega essa autenticidade e essa simplicidade. Por isso, a ideia é você vir, sentar-se na cadeirinha de praia, tomar um chope de chinelo mesmo. Tanto é que temos uma parceria com uma marca de chinelos, que possibilita que o cliente compre o chinelo aqui mesmo e troque na hora para se sentir mais confortável” explica Horbach sobre a estratégia para aumentar a imersão da experiência do cliente no bar.
Como parte que completa a experiência, a música usada nos bares segue o mesmo padrão. Assim, como detalham, um cliente ao chegar em um dos botecos ouvirá bossa nova, samba raiz para completar as sensações do ambiente.
Por isso, a chef reforça que o sucesso está na forma como oferecem a experiência. “Em 2012, já existiam bares que se intitulavam cariocas, mas eram paulistanos com uma experiência carioca. Nosso diferencial, e o que nos distingue, é que trazemos o Rio de Janeiro de verdade”.
Experiência cultural na boca do cliente
Em coerência ao contexto visual, o paladar é um chamariz importante para a completa vivência cultural, sendo composto de um misto das tradições cariocas, os desejos dos clientes e gostos dos gestores.
“Nosso cardápio foi criado listando pratos que amávamos desde a infância: o strogonoff da minha mãe, a carne assada da mãe da Mari, a salada de maionese da Mari. Todos os pratos que sempre comemos formam nosso cardápio”, explica o carioca.
A gente é boteco, mas a gente tem uma alta coquetelaria nos nossos baresMariele HorbachPara os empresários, o cardápio é um componente que auxilia a contar as histórias que os estabelecimentos possuem. Assim, além dos pratos tradicionais como feijoada carioca, bolinho de feijão e outros, há também a preocupação em oferecer a coquetelaria de alta qualidade.
Eles explicam que reformularam a coquetelaria dos botecos buscando oferecer uma experiência gastronômica completa e de padrão mais elevado. “A gente é boteco, mas a gente tem uma alta coquetelaria nos nossos bares”, evidência Horbach.
Chatice é o segredo
Com o objetivo de tornar a experiência genuína, os empresários apostam em qualificação e atenção aos mínimos detalhes. Silveira até mesmo avalia que às vezes é preciso ser “chato”, checar todos os detalhes minuciosamente e estar atento ao modo como a brigada está atuando diariamente.
“Eu brinco que tem que ter uma carreira na CLT que você pudesse registrar assim como chato. Hoje, o nosso papel, como CEOs, como comandantes do grupo, é ser chato. Nós somos detalhistas, muito criteriosos e essa é uma das principais coisas que, na minha opinião, estão fazendo a gente vencer, é a chatice", diz o empresário.
Quando falam sobre a “chatice” esclarecem que não é sobre ser o tipo de pessoa que se incomoda com qualquer coisa, mas, ser o tipo de gestor que está dentro da operação e que sabe como os processos acontecem. Isto é, não basta apenas demandar, deve-se também conhecer como tudo funciona para assim poder exigir uma limpeza adequada, um atendimento de alta qualidade e a entrega de um serviço completo.
Horbach completa reforçando que “O nível de detalhes que a gente busca trazer à São Paulo é que aumenta a experiência carioca e esse é um grande diferencial significativo”.
Os empreendedores explicam que mesmo com a agenda apertada, eles se organizam para acompanhar as operações. “A gente não deixa de estar nas operações. Então, todo dia, se você for em uma operação nossa, você vai encontrar o André, vai me encontrar”, detalha Hobach.
Investimentos em treinamento
Com a exigência de alta qualidade no funcionamento dos estabelecimentos, um ponto é exaltado: é preciso passar a missão e os valores do seu negócio para os colaboradores. Desta forma, a chef detalha que o primeiro passo é alinhar junto à equipe os conceitos, objetivos e definições que o estabelecimento busca seguir.
Afinal, como ela diz, “os colaboradores têm que estar prontos para virem trabalhar com a gente e saberem que eles estão mexendo com os sonhos, não só os sonhos deles, de crescerem, de fazerem carreira”, finaliza.
Nesta busca pela compatibilização entre os objetivos dos colaboradores e os dao negócio, os empresários focam em investir na profissionalização e na manutenção da cultura interna.
Silveira, pontua que “na parte técnica e prática, entre 2023 e 2024, estimo que foram mais de 200 mil reais investidos em treinamento para as quatro casas do grupo. Tivemos assessoria, consultoria com uma das maiores mixologistas do Brasil, reformulamos o cardápio das quatro casas”.
Para além das reformulações, os sócios também investiram em treinamento de vendas para a equipe e treinaram as lideranças, estabelecendo o plano de metas e demais planejamentos.
Conselhos para crescer
André e Mariele combinam e chegam a uma conclusão sobre o que é preciso fazer para ter uma operação que ofereça uma experiência cultural completa e que tenha um grande diferencial competitivo: para isso é preciso estudo.
“Estude bastante para abrir o negócio, faça um capital de giro bacana, porque os percalços, os problemas vão vir e vão aparecer, então esteja preparado para os problemas. E assim, confie no que você acredita, na sua verdade e seja chato para aquilo acontecer", finaliza Silveira com o apoio de Horbach.