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Pizza Masters 2025: Rafael Maia revela os bastidores da escalada da Dom Rafaello

Evento realizado em São Paulo promoveu palestras e conexão entre donos de pizzaria de todo o país. | Foto: Marcelo Santos Neto/B&R

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Durante o Pizza Masters 2025, Rafael Maia expõe os bastidores da Dom Rafaello e defende experiência, cultura forte e estratégia como pilares para o aumento do faturamento de pizzarias

Danilo Viegas 13/11/2025 | 16:12

O Pizza Masters 2025 reuniu em São Paulo, no dia 11 de novembro, centenas de empresários e profissionais do setor de pizzarias e delivery para discutir inovação, gestão e experiência do consumidor. Em meio a painéis técnicos e demonstrações gastronômicas, uma palestra roubou a cena: a de Rafael Maia, fundador da rede Dom Rafaello, que compartilhou os bastidores de uma trajetória marcada por erros, reinvenções e crescimento exponencial.

Com uma fala direta e provocativa, Rafael não se limitou a contar sua história — ele desafiou o público a repensar seus modelos de operação. “O negócio não é pizza, é gente”, afirmou, ao explicar como construiu uma cultura empresarial que permite que suas unidades operem com autonomia e excelência, mesmo sem sua presença física.

De pizzaiolo a estrategista: o empreendedor que hackeou o delivery

Fundada em 2013 com um forno a lenha e um pizzaiolo da família, a Dom Rafaello hoje soma 12 unidades, mais de R$ 30 milhões em faturamento anual e uma operação que entrega pizzas em até 10 minutos. Rafael detalhou como abandonou a dependência de profissionais especializados, investiu em processos, tecnologia e cultura organizacional para escalar sem perder qualidade.

A virada veio com o uso estratégico dos marketplaces, especialmente o iFood. “Ali eu podia estar ao lado dos grandes. E fui”, disse. Mas alertou: sem controle de precificação e gestão de reputação, a plataforma pode virar armadilha. “Brigar por preço não é estratégia. É suicídio.”

Cultura forte, operação leve

Um dos trechos mais provocativos da palestra foi quando Rafael revelou que sua unidade mais lucrativa opera praticamente sem sua presença física. “Fui lá sete vezes em um ano. E faturou R$ 200 mil no primeiro mês.” O segredo? Cultura forte, processos claros e liderança distribuída. “Se você está trocando sua hora por R$ 15, está no lugar errado. Sua hora vale estratégia.”

Rafael também desafiou os empresários presentes a repensarem suas relações com fornecedores. “Quantos de vocês têm um parceiro que tem a chave da sua câmara fria?” — perguntou. Para ele, parceria não é sobre preço, é sobre confiança, reciprocidade e visão de longo prazo. “Eu coloco meus parceiros nas minhas embalagens. Eles estão comigo na jornada.”

“Eu não quero ser quem mais vende, quero ser quem mais fatura”

Para Rafael Maia, a pizza é apenas o veículo — o que fideliza o cliente é a experiência. E essa experiência começa muito antes da primeira mordida. “A embalagem é o primeiro contato. Quando o cliente pega a caixa, ele já nota a diferença. Já nota o valor aplicado”, afirmou. Inspirado pelo mercado de burgers, Rafael investiu em design e funcionalidade para transformar a embalagem em um ativo de marca. “Na pizza não tinha muito isso. Eu falei: cara, hoje é uma oportunidade pra gente trabalhar essas embalagens de frente.”

Mas a experiência vai além do produto. Envolve o tempo de entrega, o atendimento ao motoboy, a cultura interna e a percepção de valor. “Hoje eu consigo entregar na casa do cliente em 10 minutos. Quantos de vocês conseguem isso?”, provocou, arrancando poucas mãos levantadas no auditório. “Isso faz ou não faz diferença pra pessoa?

A obsessão por excelência operacional não é movida por vaidade, mas por estratégia. “Eu não quero ser o cara que mais vende. Eu quero ser o cara que mais fatura”, disparou. Para ele, o foco deve estar em agregar valor superior, e não em competir por preço. “Brigar por preço não é bom pra ninguém. Você tem que fazer o quê? Agregar valor superior pra realmente ter essa diferença.”

A Dom Rafaello não é a pizzaria mais barata da região — e nem quer ser. “O cara que vem atrás da Dom Rafaello não está buscando preço. Está buscando experiência”, reforçou. E essa experiência é construída nos detalhes: do café oferecido ao motoboy à organização das geladeiras com os rótulos virados para frente. De novo, ele terminou sua palestra reafirmando o ponto central de gestão: “Meu negócio não é pizza. É gente.”

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