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A crítica gastronômica morreu?

Enquanto mesmo por vezes pedante, a crítica convencional funciona como um convite à reflexão, já as redes sociais privilegiam o visual, o impacto e a cultura da atenção imediata. Crédito da foto: Freepik

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O Instagram e o TikTok mudaram o cenário da crítica gastronômica e criaram zonas cinzentas: onde termina a informação e começa o entretenimento?

Danilo Viegas 11/06/2025 | 16:12

Uma pergunta me persegue há um tempo: a crítica gastronômica ainda existe ou se transformou em um mero “publi” de influenciadores no Instagram ou no TikTok
 
Você também já deve ter visto: algum influenciador grava um vídeo quase gritando que “descobriu um lugar secreto com a comida mais incrível da cidade”. O vídeo mostra o sujeito se lambuzando com queijo cheddar na boca e nas bochechas. E o pior: o tal lugar, que só por ter as portas abertas tecnicamente não é secreto, funciona desde os idos de 2008.  

Falando então sobre maneiras de comunicar e influenciar, o que diferencia uma crítica de uma publi, seria só o pagamento recebido? 

Do veredito à viralização 

Antes, a crítica gastronômica era quase uma sentença. Um texto assinado em jornal ou revista especializada podia consagrar, ou afundar um restaurante. Hoje, um vídeo bem editado de um influenciador com muitos seguidores pode gerar mais impacto imediato — em reservas, filas e visibilidade — do que uma crítica técnica e embasada. 

Isso acontece porque plataformas como Instagram e TikTok privilegiam o visual, o impacto e a cultura da atenção imediata. A linguagem é acessível, emocional e informal. E o público, mais do que informação, busca também entretenimento, identificação e experiência. 

A zona cinzenta entre opinião e publicidade 

Nesse novo cenário, críticos tentam ser mais leves e influenciadores tentam parecer mais informativos. O resultado é uma zona cinzenta. Onde termina a opinião sincera e onde começa a publicidade disfarçada? 

Muitos influenciadores não deixam claro quando estão sendo pagos para divulgar um restaurante. Às vezes, uma hashtag #publi aparece ali disfarçada. Isso pode gerar uma desconfiança no público — e confusão nos próprios bares e restaurantes, que não sabem se estão investindo em marketing ou em uma relação autêntica. 

Como bares e restaurantes podem sair dessa? 

A resposta pode parecer simples, mas é poderosa: crie sua própria narrativa. 

Em um mundo cada vez mais pasteurizado, contar histórias reais — da cozinha, dos bastidores, dos ingredientes — é o que diferencia. Humaniza a marca, fideliza o público e valoriza a gastronomia como cultura, não só como espetáculo visual. 

E mais: metrifica tudo. Like por like não paga conta. Entenda que, mesmo que o relacionamento com o cliente se concretize no salão ou no delivery, ele começa no digital. Saber o que comunicar e como se posicionar é essencial para a jornada do seu negócio. 

No fim das contas… 

A crítica gastronômica não morreu. Ela só mudou de roupa. E, nesse novo figurino, bares e restaurantes precisam ser protagonistas da própria história — com autenticidade, estratégia e propósito. 

Como ter um restaurante de sucesso?

Descubra neste episódio do podcast O Café e a Conta, onde conversamos com Leo Corvo, crítico gastronômico do Não Tem Chef. Ele desvenda os segredos para melhorar a qualidade e popularidade do seu restaurante, mostrando que o diferencial vai muito além do cardápio!

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