Confesso: este texto foi enrolado para ser escrito. Como uma vez me disse o saudoso Ricardo Castilho, “todos querem ser colunistas, poucos querem de fato produzir o conteúdo”. Além disso, redigir um artigo jornalístico carrega a missão de refletir assuntos que estão à tona em bares e restaurantes. São muitos os temas que merecem atenção, mas quero falar aqui assuntos mais amplos: relacionamento entre marcas e consumidores, inteligência artificial e presença digital. E mais: vulnerabilidade, perfeição e saturação do mercado. Complicou, né? Calma, eu posso explicar.
Vou tomar como ponto de partida a excelente palestra da também excelente Vanessa Huguinin, do Food-se, no iFood Move, sobre desejos e canais digitais. Ao apresentar os 12 ingredientes para o empreendedor construir sua marca, um dos itens de Vanessa me chamou atenção: o conceito de truthtelling, mais precisamente “a importância de se buscar as verdades da marca, seja nos ingredientes, seja no time interno”. Até aí, mais um termo estrangeiro da moda que os publicitários adoram. Você pode até pensar que isso cheira a picaretagem, mas é justamente o contrário, ele talvez combata o charlatanismo.
O truthtelling, embora ainda emergente, vem ganhando espaço nos debates sobre branding e cultura organizacional. Algumas tendências associadas incluem marcas mais humanas e imperfeitas, com consumidores que valorizam empresas que admitem falhas e mostram evolução; uma comunicação interna mais honesta, gerando confiança e engajamento; e campanhas baseadas em fatos reais, onde histórias de clientes, colaboradores e comunidades ganham protagonismo.
Tudo isso, claro, depende de como o erro é tratado e comunicado. A inteligência artificial trouxe uma expectativa de eficiência quase infalível — o que pode tornar as marcas mais distantes, frias ou até desconectadas da realidade das pessoas, especialmente quando usada de forma preguiçosa. Nesse contexto, quando uma marca assume um erro com transparência, responsabilidade e empatia, ela ativa um dos princípios centrais do truthtelling: a vulnerabilidade como ponte para a confiança.
Explico melhor: em um cenário prestes a ser dominado pela IA e pela busca incessante por produtividade, o truthtelling surge como diferencial estratégico. Ao expor fragilidades e mostrar bastidores reais, marcas se tornam mais humanas, gerando empatia e confiança.
Em vez de narrativas perfeitas, o truthtelling valoriza a transparência, a coerência entre discurso e prática e a conexão emocional genuína. Isso ajuda a combater a desconfiança gerada por conteúdos automatizados e reforça vínculos com públicos que buscam autenticidade.
Afinal, criar conexões essenciais também não é sobre isso?
OBS: Para provar que, mesmo com apoio de inteligência artificial, este texto foi escrito por um humano, há propositalmente um erro gramatical. Qual é? #Descubra