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Dados de clientes em risco? Veja como garantir a segurança

A verdadeira segurança da informação não está na tecnologia, mas na cultura e no treinamento de quem está na linha de frente com o consumidor. Foto: Canva

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A segurança do seu negócio vai além da cozinha. Entenda como erros simples da equipe no uso de dados de clientes podem destruir sua reputação e aprenda a criar uma cultura de proteção com medidas práticas

Guilherme Paixão 16/09/2025 | 16:54

Quando o assunto é segurança em bares e restaurantes, o que normalmente vem à mente são cozinhas limpas, alimentos bem armazenados e cardápios que respeitam restrições alimentares. Mas existe outra dimensão de segurança que vem ganhando espaço: a proteção de dados dos clientes. Cada vez mais, os clientes deixam rastros digitais em reservas online, programas de fidelidade, pedidos em aplicativos ou até no cadastro para acessar o wi-fi. Esses dados, se mal administrados, podem se transformar em fonte de problemas.

Segundo Christiano Guimarães, consultor em segurança da informação, o cuidado vai além da legislação. Ele defende que bares e restaurantes precisam criar uma cultura de proteção de dados.

“Nos bares e restaurantes, os principais dados sensíveis são as imagens captadas por câmeras ou em ações de marketing, as informações de saúde como alergias e restrições alimentares, e também os dados financeiros, como cartão de crédito. Até os hábitos de consumo e a geolocalização entram nessa lista. O risco maior não está em coletar esses dados, mas em não ter controle sobre como eles são armazenados e usados. Aí é que começam os problemas”, explica.

Dados dos clientes em risco

Em muitos casos, os riscos não estão em grandes ataques cibernéticos ou hackers sofisticados, mas em erros simples do dia a dia. Guimarães aponta situações que parecem inofensivas, mas expõem clientes a prejuízos.

“O primeiro erro é coletar dados sem explicar a finalidade, onde e quando serão armazenados, quanto tempo levará para o descarte e como será descartado. Isso acontece em cadastros de reserva, promoções ou até no acesso ao wi-fi. Outro erro frequente, é divulgar e compartilhar informações de clientes pelo WhatsApp ou aplicativos similares, sem qualquer controle. E tem ainda o uso de fotos de clientes em redes sociais sem consentimento", explica o especialista.

Essas práticas, muitas vezes feitas de forma automática, sem má-fé, expõem bares e restaurantes a processos e perdas financeiras. Mas, mais do que isso, criam um risco ainda mais grave: a perda da sensação de segurança do consumidor

 

 

 
 

 Impacto direto na reputação

 
 

Quando um restaurante sofre um vazamento de dados, o problema não se limita à possibilidade de multa. Para o consultor, o dano mais sério acontece na credibilidade da marca.

 “Um vazamento nunca fica só no campo jurídico. Claro que existe o risco de multa e processo, mas o impacto mais pesado costuma ser na reputação. O cliente que descobre que seus dados foram expostos perde segurança no estabelecimento — e recuperar essa segurança é muito mais caro do que investir em prevenção. Em alguns casos, o dano de imagem afasta não só clientes, mas também parceiros e fornecedores”, alerta Guimarães.

 A lógica é simples: se o cliente não percebe sinais de proteção de dados no dia a dia, ele pensa duas vezes antes de retornar. Isso vale tanto para informações financeiras quanto para dados pessoais, como hábitos de consumo ou preferências registradas em sistemas de fidelidade.

 
     

 

Cultura de proteção de dados

A boa notícia é que criar essa cultura não depende de grandes investimentos tecnológicos. Medidas simples e práticas já são capazes de reduzir significativamente os riscos, é o que destaca Guimarães:

“Não é preciso começar com grandes investimentos. Algumas medidas simples já fazem diferença: evitar compartilhar dados de clientes e funcionários via WhatsApp, proteger planilhas e sistemas com senha, pedir consentimento antes de usar fotos ou começar a enviar promoções para os clientes e treinar toda a equipe para nunca expor informações de ninguém sem necessidade e/ou consentimento. São passos básicos, mas que mostram respeito ao cliente e já criam uma cultura de cuidado dentro do negócio.”

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Segurança de dados e a equipe

Muitos empresários acreditam que segurança de dados depende de softwares avançados e grandes estruturas digitais. Para o consultor, porém, o ponto central está no comportamento humano.

A maior falha não está na tecnologia, mas na cultura da equipeChristiano Guimarães

 “A maior falha não está na tecnologia, mas na cultura da equipe. De nada adianta ter o melhor software se o garçom continua mandando dados de clientes por WhatsApp ou se o gestor deixa os exames admissionais dos funcionários em uma gaveta que todo mundo tem acesso", pontua o consultor. 

Apesar da tecnologia ser uma grande aliada nas ações de segurança de dados, ela só funciona quando existir consciência e disciplina no dia a dia.  Como conclui Guimarães, "o problema não é só falta de ferramenta, é falta de conhecimento, comportamento correto e orientação interna”.

Desta forma, além da importante preocupação com a segurança dos alimentos, a segurança da informação deve receber no mesmo nível de cuidado. Assim, ações como treinar a equipe, estabelecer regras claras e criar rotinas de cuidado são ações que custam pouco, mas impactam muito na percepção de proteção do público.

Texto originalmente publicado pela Agência Abrasel de Notícias.

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