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LGPD em bares e restaurantes: os riscos invisíveis da falta de adequação

A conexão real é o principal item do cardápio. Para a Geração Z, a experiência em bares é sobre o encontro, não sobre o excesso. Foto: Canva

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Sem adequação à LGPD, bares e restaurantes ficam expostos a multas, processos e perda de confiança dos clientes; entenda como organizar seu negócio e se proteger

Duda Gomes 08/09/2025 | 09:50

Você, empreendedor no setor de alimentação fora do lar, sabe o que é LGPD? A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) mudou a forma como empresas brasileiras devem lidar com informações de clientes e funcionários. A legislação estabelece regras claras sobre a coleta, armazenamento e uso de dados pessoais, além de prever punições para quem descumprir.

Apesar disso, muitos bares e restaurantes ainda tratam a LGPD como algo distante da sua realidade. Afinal, por que um negócio que vende comida e bebida precisaria se preocupar com dados?

A resposta pode ser mais simples do que o esperado: bares e restaurantes lidam diariamente com informações sensíveis e ignorar essa realidade pode custar caro

Por que os empreendedores do setor não se preocupam com a LGPD?

De acordo com o consultor em segurança da informação, Christiano Guimarães, existem três grandes motivos para a falta de atenção dos empreendedores do setor de alimentação fora do lar. O primeiro é a crença de que a LGPD foi criada apenas para grandes empresas de tecnologia ou bancos, e não para pequenos negócios do setor. “Muitos pensam: eu só vendo comida, não tenho nada a ver com isso. Quando, na prática, coletam dados todos os dias”, explica.

Outro ponto é a falta de conhecimento. Christiano afirma que menos de 70% dos brasileiros sabem o que é a LGPD.

“Quando o empresário ouve falar sobre a LGPD, imagina que seja algo complexo, caro e inacessível. Só que, na maioria das vezes, a adequação começa com medidas simples: informar o cliente de forma clara, ajustar contratos e cuidar minimamente da segurança dos dados”, Christiano Guimarães.  

O consultor ainda afirma que o último fator que influencia a não aderência à Lei é cultural: a tendência de só correr atrás do problema quando ele já estourou. “Quando um dado vaza ou um cliente questiona, não é só multa, é reputação. E reputação, para um restaurante ou bar, é tudo”, alerta Christiano.

Quais os riscos em não se adequar à LGPD?

As consequências vão muito além da multa aplicada pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que pode chegar a 2% do faturamento bruto anual da empresa. O consultor lembra que o primeiro impacto é a perda de confiança: “Cliente que descobre que seus dados foram usados sem autorização simplesmente não volta mais”, expõe.

Além disso, bares e restaurantes podem enfrentar ações judiciais de consumidores, perder parcerias comerciais com bancos ou grandes marcas e até lidar com processos trabalhistas caso dados de funcionários sejam expostos. “O maior risco hoje não está na ANPD bater na porta, está nos processos paralelos”, afirma o consultor.

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Quais práticas são possíveis adotar para se adequar a LGPD?

Para Christiano, se o empresário encarar a LGPD só como obrigação acaba virando um peso. Mas, se o empreendedor enxergar como oportunidade, ele muda o jogo. O consultor afirma que existem algumas práticas mínimas que qualquer restaurante pode adotar de imediato, como:

  • Aviso de privacidade claro: deixar visível para o cliente porque coleta dados, seja no Wi-Fi, no delivery ou nas câmeras de segurança;
  • Controle de acesso: definir quem da equipe pode ter acesso a dados de clientes e funcionários.  
  • Contrato com fornecedores: ajustar contratos com apps de delivery, contabilidade e freelancers, incluindo cláusulas de proteção de dados;
  • Armazenamento seguro: nada de planilhas soltas ou documentos pessoais de funcionários em gavetas abertas. Guardar de forma organizada e restrita já reduz muito o risco;
  • Treinamento básico da equipe: orientar para não compartilhar dados pelo WhatsApp, não anotar informações em papéis largados pelo balcão e respeitar a confidencialidade.

Christiano afirma que o importante é dar o primeiro passo, “já que quem não começa agora corre o risco de pagar caro depois”, orienta.

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