Com o aumento da rotatividade, jornadas intensas e pressão na operação, donos de negócios do setor de alimentação fora do lar passaram a compreender a importância de um bom líder em suas casas. Em processos cada vez mais complexos, um gestor eficiente à frente da equipe pode ser capaz de transformar a retenção e a produtividade dos liderados.
Neste cenário, donos de bares e restaurantes mais atentos estão investindo na identificação e capacitação de potenciais líderes em suas equipes. A ideia é formar gestores que unam capacidade técnica com habilidades comportamentais capazes de impactar positivamente suas equipes.
Esse é o caso de Fernando Júnior, presidente do Grupo Meet-Porcão, em Belo Horizonte–MG, e Danillo Ramos, chef e proprietário do Piry Cozinha Nordestina, em Goiânia–GO. Ambos empresários aplicam técnicas de reconhecimento e treinamento de potenciais talentos na liderança em suas casas.
Identificando um líder
Na visão de Ramos, um possível líder é identificado entre os colaboradores da equipe através não só de suas habilidades técnicas, mas também de sua inteligência comportamental.
“A formação técnica é apenas o começo. O líder precisa dominar os processos para transmitir segurança à equipe, isso é básico. Mas a liderança de verdade começa depois disso, quando entra em cena a capacidade de lidar com pessoas”, Danillo Ramos.
Outro ponto relevante em relação ao comportamento do líder é o famoso “sentimento de dono”, como aponta Júnior. Para o presidente do Grupo Meet-Porcão, é possível reconhecer um funcionário com espírito de liderança a partir da sua postura diante o dia a dia na operação. Júnior cita o caso de um de seus funcionários, que hoje ocupa uma posição de gerência.
“O Elias entrou como maître e enfrentou resistência da própria equipe. Mas nunca recuou. Tinha postura de dono, humildade para aprender e coragem para assumir responsabilidades. Aos poucos, foi ganhando respeito e hoje é gerente geral”, conta.
Treinamento para liderança
Ainda, para ambos empresários, o processo para formação de lideranças não é pontual, mas sim um trabalho contínuo de mentoria. Ramos expõe que em sua operação, o desenvolvimento de líderes passa inicialmente pela observação das técnicas e comportamento do colaborador, logo após é feito o treinamento necessário para a formação do funcionário.
Temos um processo contínuo de capacitação, com retorno constante. Liderar é servir, não mandarFernando Júnior
“Quando a gente entrega tarefas e a pessoa responde com responsabilidade, aprende rápido e mostra comprometimento, sabemos que ali pode haver um líder. A partir daí, o desenvolvimento inclui alinhamentos constantes, supervisão e participação ativa nas decisões da casa”, expõe Ramos.
Júnior conta que um processo semelhante é realizado em suas operações. O treinamento se transformou em um programa interno; líderes em formação recebem mentoria de gestores experientes e participam de reuniões estratégicas.
Impacto na produtividade e rotatividade da equipe
Um bom líder também pode ser um diferencial quando o assunto é produtividade e queda da rotatividade da equipe. Habilidades como escuta ativa e percepção afiada do comportamento da equipe podem ser o que mantém o funcionário ativo em uma operação. É o que afirma Ramos; para o empreendedor um bom líder é capaz de manter a equipe engajada.
“Sempre vai ter um momento de desmotivação do funcionário, seja por algo da empresa ou da vida pessoal. Cabe ao líder captar esses sinais e manter essa pessoa perto. Um líder assertivo consegue segurar o funcionário dentro do restaurante”, afirma o empreendedor.
Para Júnior, um bom líder é aquele que sabe cuidar de gente. A partir dessa capacidade é possível transformar a forma como a equipe confia em quem ocupa a posição de liderança, o que consequentemente auxilia na manutenção dos funcionários na operação.
“A maior ferramenta de retenção e produtividade que existe é a liderança. Quando o colaborador confia no líder, ele entrega mais do que o esperado. Não por obrigação, mas por engajamento”, ressalta o presidente do Grupo Meet-Porcã.
Ao investir na formação de líderes que inspiram, escutam e desenvolvem pessoas, os empreendedores confirmam que cozinhas e salões só prosperam quando a gerência vai além da técnica e incorpora inteligência humana, a capacidade de cuidar, orientar e engajar aqueles que fazem a operação existir.
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