Entre abrir a casa, cuidar de equipe, resolver falhas, pensar em novos produtos, manter o caixa respirando e ainda tentar ter vida fora do CNPJ, o empresário da gastronomia acaba virando uma espécie de equilibrista emocional — sempre tentando manter todos os pratos girando ao mesmo tempo. Mas ninguém sustenta o ritmo de um fogão aceso o tempo todo.
A exaustão vai chegando de mansinho. Primeiro é o corpo que reclama, logo depois, a cabeça. E, quando a alma cansa, é o sinal de que já passamos do limite. Os números refletem essa realidade: segundo a Abrasel, mais de 60% dos restaurantes no Brasil fecham antes de completar dois anos — e, por trás de muitas dessas portas que se fecham, existe uma história de esgotamento. Negócios quebram quando o dono adoece. Quando a mente colapsa, o caixa acompanha.
Muitos empresários do ramo gastronômico vivem à beira do colapso: sem férias, sem fim de semana, sem tempo para si. Acreditam que estar sempre presentes é sinônimo de compromisso, mas esquecem que um líder exausto inspira cansaço, enquanto um líder em paz inspira confiança.
E é aí que entra um ensinamento antigo, mas profundamente atual. A Bíblia diz que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Mas pense comigo: um Deus Todo-Poderoso precisa descansar? Claro que não. O termo original usado em Gênesis não significa apenas “parar”. Pode ser traduzido como “desfrutar”. Ou seja, Deus não descansou por cansaço, Ele parou para apreciar o que havia feito.
Isso muda tudo.
Porque descansar, nesse sentido, não é abandonar o trabalho, é dar sentido a ele. É o momento em que o criador (com “c” minúsculo ou maiúsculo) olha para a sua criação e reconhece: “ficou bom”. Quando a gente não faz isso, o sucesso vira prisão. Nada é suficiente, porque nada é sentido. Quantas vezes você fechou um evento, bateu uma meta, entregou um cardápio novo e, já no dia seguinte, estava se cobrando pelo próximo desafio?
A gente celebra tão pouco o que constrói, que vive num eterno “modo urgência”. Mas a pausa é o ponto de respiração da jornada. É ali que o propósito se reconecta com o prazer. Descansar, para quem empreende, é quase um ato de fé. É acreditar que o mundo não vai acabar se você sair um pouco da cozinha. É confiar que o que você construiu é forte o bastante para continuar existindo enquanto você se refaz. Porque quando o dono se apaga, o fogo também perde o brilho.
Então talvez o convite hoje não seja apenas “trabalhe menos”, mas desfrute mais. Desfrute do time que está contigo, dos clientes que te escolheram, da história que você está escrevendo. Porque até Deus, depois de criar tudo, parou para contemplar. E se o próprio Criador do mundo achou importante fazer isso, quem somos nós para achar que podemos seguir sem parar?
Descansar também é sagrado!
Este texto tem caráter opinativo. As ideias e conceitos expressos no artigo são de inteira responsabilidade do autor.
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