Os últimos meses do ano sempre nos brindam com duas das mais populares campanhas de saúde em nosso país: o Outubro Rosa, focada na prevenção do câncer de mama e promoção da saúde da mulher, o Novembro Azul, que tem a mesma pegada junto ao público masculino, porém com foco no câncer de próstata. É muito interessante observar as diferenças de apelos e formas de comunicação das duas campanhas. Seria até cômico se não fosse trágico.
Enquanto no Outubro Rosa vemos comunicações pragmáticas, convocando as mulheres a fazerem os devidos exames, sempre em linha reta, com linguagem direta e clara. No Novembro Azul, vemos campanhas em curva, cheias de jeitinho, focadas em quebrar preconceitos masculinos e mostrando que cuidar da saúde não faz o homem menos homem e há uma razão para essa diferença de linguagem.
Essa constatação passa por décadas, talvez séculos, da construção do homem viril, infalível, sem medos, que não precisa de ajuda para passar pela vida e vencer seus desafios.
Durante todo esse tempo foi reforçada a construção social do "homem-que-não-chora", próximo ao de um super-herói, contrastando com a mulher frágil, sensível, sempre pronta para ser socorrida. Não é preciso explicar muito o tanto que essa construção prejudica, e vem prejudicando, como o homem em geral age na sociedade, nos seus grupos e na forma como ele cuida de si.
O cuidado, nessa construção, está no espectro feminino, não é função do homem se cuidar. O homem que se cuida é menos homem, isso faz com que o cuidado com a saúde seja extremamente prejudicado. Ao invés do cuidado preventivo, o reativo. No lugar da terapia, a falta de conhecimento sobre si. Ao invés do compartilhamento, o isolamento.
Se você é homem e chegou até aqui, compartilho um pensamento: para ajudar os demais, a primeira pessoa que você precisa ajudar é você mesmo. Ninguém consegue apoiar se não tiver apoio. Então, meu amigo, se cuide. Faça terapia, compartilhe seus problemas e mantenha seus exames em dia. Nada é mais másculo do que isso.
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