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Reformar sem fechar: como manter o negócio em obra e o caixa em dia

Com planejamento e boas estratégias, é possível reformar sem fechar as portas, mantendo o atendimento, a confiança dos clientes e o ritmo do negócio. | Foto: Arquivo/Benedito

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Com planejamento, criatividade e comunicação clara, bares e restaurantes conseguem enfrentar reformas sem interromper o atendimento, preservando o caixa, a experiência do cliente e a reputação da marca.

Duda Gomes 20/11/2025 | 12:30

Empreendedores do setor de alimentação fora do lar que acompanham as mudanças no comportamento do consumidor já sabem: um ambiente atrativo é parte essencial da fidelização. Reformar, portanto, é uma decisão estratégica para o sucesso do negócio. Ainda assim, muitos empresários acreditam que o único caminho para isso é fechar as portas e pausar a operação. Mas, na prática, o cenário pode ser outro.  

Especialistas e empreendedor mostram que, com planejamento, comunicação clara e boas alternativas operacionais, é possível atravessar o período de obras mantendo tanto o movimento quanto a reputação do restaurante

A importância de um planejamento para a reforma   

Para garantir que a operação e atendimento aos clientes não se transforme em um problema durante a reforma, um dos principais pontos é garantir um planejamento detalhado e eficiente de obras. Nesse processo, a designer de ambientes, Ayumi Takizawa, detalha no podcast O Café e a Conta, a importância do empreendedor e os responsáveis pela obra alinharem expectativas.   

“Não se trata apenas de deixar o espaço bonito. O designer ou arquiteto precisa compreender profundamente o propósito do projeto. Um briefing bem elaborado é essencial para traduzir todas as expectativas do empreendedor, não só no resultado físico, mas também nas sensações que o ambiente transmite”, afirma Ayumi  

Com expectativas alinhadas, o planejamento pode ser executado com mais facilidade sem comprometer o funcionamento da operação. No entanto, de acordo com a designer de ambientes, Vittória Moreira, imprevistos em obras são comuns, mesmo com um escopo de trabalho bem delimitado. Assim, o recomendado é que um profissional especializado na área acompanhe todo o andamento da obra.  

“Mesmo com um planejamento detalhado, toda obra está sujeita a imprevistos, é parte do processo. O papel do designer ou arquiteto é justamente antecipar esses cenários e encontrar soluções rápidas, garantindo que a operação continue fluindo com segurança e o mínimo de impacto na experiência do cliente”, elucida Vittória Moreira.

Nesse cenário, Vittória afirma que o acompanhamento próximo da obra pode garantir:

  • Ajustes no cronograma: identificar atrasos e reorganizar etapas para evitar que a obra interfira nos horários de atendimento. 
  • Controle de ruídos e sujeira: planejar horários estratégicos para serviços mais barulhentos e garantir o isolamento adequado do espaço.  

  • Gestão de fornecedores e prestadores: alinhar entregas e serviços de maneira que não comprometam a rotina da operação. 

 Desafios da obra e operação em funcionamento 

Quem optou por manter o restaurante em funcionamento durante a reforma foi o empreendedor Matheus Mason, proprietário do Benedito, em Campinas (SP). A obra, que durou cerca de cinco meses, foi dividida em etapas e planejada para interferir o mínimo possível na experiência do cliente. Segundo ele, fechar as portas nunca foi uma opção. 

“Se o restaurante para completamente, o impacto no caixa é imediato. Além das despesas da obra, você continua tendo custos fixos, e o risco de comprometer o fluxo financeiro é grande. Por isso, decidimos reformar de forma faseada, mantendo o atendimento e adaptando a operação a cada etapa”, explica Matheus Mason. 

Para isso, o Benedito organizou um cronograma de obras em três fases, separando os períodos com impacto direto e indireto ao público. Enquanto as áreas internas, como o telhado e o escritório administrativo, eram reformadas, a equipe trabalhava normalmente. Já nas etapas que envolviam a fachada e o acesso principal, foram criadas estratégias de isolamento visual e comunicação com os clientes para garantir que o restaurante permanecesse atrativo mesmo em meio à reforma. 

Uma das soluções mais criativas foi o uso de adesivos e painéis personalizados que transformaram o tapume em um “túnel” decorado, simulando a entrada do restaurante. O espaço recebeu imagens do cardápio e uma arte divertida com o “Polvo Benedito”, prato símbolo da casa, usando capacete e martelo para representar a reforma.  

“A ideia era mostrar que estávamos passando por mudanças, mas continuávamos de portas abertas e cuidando de cada detalhe da experiência do cliente”, conta Matheus. 

Além disso, o empreendedor reorganizou o funcionamento da equipe com rodízio de férias e redução de extras, ajustando a escala de garçons conforme a queda temporária de movimento. Também reforçou o delivery, que cresceu cerca de 50% durante o período, e manteve o cardápio do almoço executivo como alternativa prática para segurar o fluxo de clientes nos dias de obra. 

Mesmo com uma redução de cerca de 25% no movimento, o planejamento evitou prejuízos maiores e manteve a relação de confiança com o público. “O cliente entende o momento quando vê transparência e cuidado. O importante é manter a comunicação viva, nas redes sociais, na calçada, na conversa com quem chega. A reforma foi desafiadora, mas saímos dela com um restaurante renovado e um público ainda mais próximo”, afirma Matheus. 

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