A disputa pelo mercado de delivery de comida no Brasil ganhou um novo capítulo com a retomada da 99Food. A plataforma, braço da gigante chinesa DiDi Global, volta ao jogo com uma proposta ousada: desafiar o domínio do iFood, que concentra cerca de 80% do mercado, e enfrentar a entrada agressiva da Keeta, apoiada pela Meituan, com investimentos anunciados de R$ 5,6 bilhões.
A 99Food, por sua vez, aposta em um investimento de R$ 2 bilhões até junho de 2026, com foco em eficiência e sustentabilidade. “Nosso investimento é menor, mas é seguro dizer que a 99 está revolucionando o mercado de entrega de comida e é o catalisador da mudança nesse mercado”, afirma Bruno Rossini, diretor de Comunicação da empresa.
A estratégia da 99Food se baseia em três pilares:
- redução de custos para restaurantes;
- melhoria na remuneração dos entregadores; e,
- experiência otimizada para o consumidor.
Segundo Rossini, a plataforma não cobra mensalidade, nem comissões ocultas, e oferece liberdade de escolha aos estabelecimentos. “O que a gente tem feito até agora é uma relação muito transparente focada em aumentar a rentabilidade do restaurante para cada pedido que ele faz”, reforça.
Tecnologia como diferencial competitivo
A 99Food utiliza mapas proprietários e inteligência artificial para otimizar rotas e reduzir o tempo de entrega. Em Goiânia, por exemplo, o tempo médio caiu de 37 para 28 minutos. “Oferecemos ao entregador um mapa de trânsito de carro para ele fazer uma entrega de moto ou bike, com informações em tempo real sobre semáforos e vias com risco”, explica Rossini.
Além disso, a plataforma se beneficia da base instalada de usuários da 99, cerca de 55 milhões de brasileiros já utilizam o aplicativo para mobilidade e pagamentos. Isso elimina a necessidade de convencer o consumidor a baixar um novo aplicativo, acelerando a adoção do serviço de delivery.
Desafios e aprendizados da primeira tentativa
A primeira incursão da 99Food no Brasil, em 2020, não teve o sucesso esperado. A empresa reconhece que não conseguiu competir com a força do incumbente. “A principal lição foi que é preciso proteger o espaço conquistado no mercado. E entender que o ecossistema envolve três elos: restaurante, entregador e consumidor”, afirma Rossini.
A principal lição foi que é preciso proteger o espaço conquistado no mercado. Bruno Rossini
Hoje, a 99 aposta em uma abordagem mais madura, com aprendizados vindos de operações bem-sucedidas na Colômbia, México, Peru e Costa Rica. No México, por exemplo, a empresa lidera o mercado de entrega de comida.
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99Food: o super app brasileiro
Inspirada pelo modelo asiático, a 99 quer consolidar um super app no Brasil, integrando mobilidade, pagamentos e delivery. “Nossa visão de longo prazo é redefinir a conveniência digital para os brasileiros. Já temos a 99Pay, com mais de 23 milhões de clientes e R$ 3 bilhões em empréstimos realizados. Agora agregamos o food como serviço essencial”, projeta Rossini.
A proposta é ambiciosa: permitir que o usuário peça uma passagem, um carro e uma refeição, tudo em um único aplicativo, com comandos de voz e integração total. “Estamos falando de um serviço 360, que pode estar disponível em menos de cinco anos”, conclui.
*Texto produzido por Danilo Viegas e Gustavo Monteiro.
