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Gastronomia em Noronha evolui e quer chamar atenção do Guia Michelin no Brasil

Em entrevista exclusiva à Revista B&R. a chef Kátia Barbosa contou um pouco da sua trajetória na gastronomia com sabores tradicionais.

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Enquanto o Guia Michelin se concentra em Rio e São Paulo, Fernando de Noronha se destaca com chefs renomados, sustentabilidade e ingredientes frescos, mostrando o potencial da ilha como destino de excelência

Danilo Viegas 26/08/2025 | 14:26

Em maio, a cena gastronômica brasileira voltou suas atenções para a edição 2025 do Guia Michelin no Brasil. Este ano, o guia recomendou 149 restaurantes, incluindo 18 novidades que refletem a vitalidade e a diversidade da culinária de duas cidades. 

Entre os destaques estão os cinco restaurantes que renovaram suas duas Estrelas Michelin, os quatro novos estabelecimentos que conquistaram uma estrela e os cinco que entraram para o grupo dos Bib Gourmand — prêmio que reconhece as casas com a melhor relação qualidade/preço.  

Três restaurantes também mantiveram a sua Estrela Verde, uma distinção que valoriza o respeito ao meio ambiente na gastronomia, além de 12 novos Estabelecimentos Recomendados, que chamaram a atenção pela qualidade da sua oferta. 

Tudo estaria lindo, se não fosse por um detalhe passado praticamente despercebido aos olhos do grande público: com 125 anos de existência e publicado no Brasil desde 2015, o Guia Michelin recomenda apenas restaurantes de São Paulo e Rio de Janeiro. 

Por mais que seja compreensível, por questões de mercado e infraestrutura, que o guia coloque atenção nas duas maiores metrópoles brasileiras, em um país com dimensões continentais e uma notável diversidade gastronômica, há de se estranhar a ainda falta de enfoque em outras praças. 

A gastronomia como potencial turístico  

Cidades que já são destinos turísticos consolidados ou que têm potencial para atrair visitantes pela sua oferta culinária são mais propensas a serem consideradas. Os desafios de cidades com tradição culinária, como Belém do Pará ou Belo Horizonte, são diferentes. Nesse sentido, Fernando de Noronha desponta com o movimento.

A ilha, a cerca de 545 km de Recife, é um exemplo de preservação ambiental, com controle rigoroso de visitantes e gestão de resíduos. Essa filosofia se reflete, em muitos casos, na gastronomia, com restaurantes buscando reduzir o desperdício, valorizar da pesca sustentável e, por vezes, utilizar produtos de agricultura local (mesmo que em pequena escala). Essa abordagem "verde" pode ser um diferencial e um ponto positivo para o guia, que tem dado cada vez mais atenção a práticas sustentáveis (vide a Estrela Verde Michelin). 

Pode soar clichê, mas muitos restaurantes oferecem não apenas comida boa, mas também uma experiência com vistas deslumbrantes para o mar ou para a natureza exuberante da ilha. Isso contribui para o "ambiente" e a "personalidade do chef refletida na culinária", critérios importantes para o Michelin. 

A maior estrela da culinária noronhense é, sem dúvida, o peixe e os frutos-do-mar frescos, pescados localmente. Isso é um critério fundamental para o Michelin: a qualidade e o frescor dos produtos. Restaurantes na ilha têm a oportunidade de servir peixes e frutos-do-mar pescados pouco tempo antes, algo que é um luxo em muitos outros destinos. 

 

Dário Costa - Benedita Cozinha
  Vários restaurantes em Noronha não se limitam ao básico. Há chefs que buscam aprimorar técnicas e criar pratos autorais, utilizando a riqueza dos produtos do mar e, em alguns casos, explorando ingredientes regionais do Nordeste brasileiro. Nomes como Benedita Cozinha, do chef Dário Costa, são frequentemente citados como referências de boa gastronomia na ilha. 

Crescimento com intercâmbio de ideias 

A Abrasel em Pernambuco, liderada pelo empresário Tony Souza, da Cia do Chopp, em Recife, vem trabalhando para “diminuir” a distância entre Fernando de Noronha e a capital do estado. Como fruto desse processo, sob a sua gestão, o tradicional festival Brasil Sabor desembarcou pela primeira vez em 2025 na ilha com o tema “Cores e Sabores de Noronha”.  

“A chegada do Brasil Sabor à ilha representa mais do que uma celebração da culinária local, é também uma estratégia de fortalecimento do turismo sustentável em Fernando de Noronha. Com chefs renomados, imprensa especializada e visitantes interessados na gastronomia de excelência, o festival amplia a visibilidade da ilha como destino turístico autêntico”, diz Souza. 

Festivais como o Brasil Sabor são também oportunidades de negócios para a comunidade local, desde restaurantes e pousadas até produtores e pescadores artesanais. "Além de promover Fernando de Noronha como polo gastronômico diverso e sustentável, o festival busca gerar impacto econômico positivo para a comunidade local e estimular boas práticas ambientais no setor", destaca.

Confira entrevista exclusiva com Kátia Barbosa do Aconchego Carioca e leia a matéria completa na edição 164 da Revista B&R

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