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Como formar uma equipe autônoma para quando o dono precisa sair do salão?

Centralizar tudo pode travar o crescimento do bar ou restaurante; delegar funções e formar líderes é o caminho para ter uma equipe autônoma e eficiente. Foto: Pexels

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Quando o dono insiste em fazer tudo, o negócio fica estagnado; ao delegar funções, ele abre caminho para uma equipe autônoma, engajada e capaz de sustentar o crescimento

Duda Gomes 01/09/2025 | 10:40

No Brasil, o setor de alimentação fora do lar é formado majoritariamente por pequenos negócios. Segundo dados da Abrasel, 90% dos empreendimentos são microempresas. Nesse cenário, ganha força uma cultura que pode limitar o crescimento: a do dono que faz tudo. É comum ver negócios em que o dono assume todas as funções como o atendimento, compras, financeiro e até cozinha. Mas essa prática custa um preço alto.

Segundo o professor e consultor do setor, Pedro Henrique, o empreendedor que opta por esse caminho acaba não observando com atenção os problemas da própria operação. 

“Ele não consegue mapear processos, nem acompanhar o crescimento do negócio ou identificar gargalos. O dia a dia o prende em uma redoma de rotina e, com isso, acaba sugado, cansado e estressado. Essa postura de ‘fazer tudo’ é hoje o maior ponto fraco do empresário da alimentação fora do lar”, Pedro Henrique. 

Para evitar esse desgaste e permitir que o negócio cresça, o caminho passa pela delegação de funções e pela construção de uma equipe capaz de assumir responsabilidades de forma autônoma.

O desafio em saber o que delegar

Na avaliação do consultor, a dificuldade dos empreendedores não está apenas em confiar na equipe. “O proprietário não tem dificuldade em delegar e confiar. Muitas vezes ele nem sabe o que delegar e o que confiar. Vemos empresários contratando cozinheira ou garçom sem clareza do que essas pessoas têm que fazer e entregar”, pontua Pedro.

Sem a definição de funções e responsabilidades, o dono se torna o gargalo de todas as decisões. Essa postura pode gerar danos palpáveis para o negócio. É importante compreender todos os processos para instruir a equipe de forma eficaz. 

Metas como motor de uma equipe autônoma

Para mudar essa realidade, Pedro aponta que o primeiro passo é alinhar expectativas em torno de metas claras.

“Sem metas esquece, é falácia, é bate-papo. Se eu tenho meta de venda para o salão, de desperdício na cozinha ou de faturamento geral, começo a ter uma equipe engajada. E quando você trata de número, as maçãs podres aparecem. Quem está focado em entregar resultado vai defender os interesses do grupo e do próprio bolso”, afirma o consultor.

Com metas bem definidas, o dono deixa de ser o centro das decisões e passa a ter uma equipe mais autônoma e comprometida. É a partir desse alinhamento que se abre espaço para identificar lideranças intermediárias e distribuir responsabilidades de forma estratégica.

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Lideranças intermediárias e treinamentos 

O que as empresas fazem 99% das vezes são treinamentos esporádicos. Isso não é treinamento, é bate-papo.PedroPara Pedro, muitos empresários acreditam que líderes são apenas os colaboradores mais engajados. No entanto, o consultor ressalta que identificar um bom líder exige atenção especial às habilidades individuais de cada colaborador.

Segundo Pedro, a liderança pode ser treinada, mas o grande desafio é que poucos empresários têm tempo ou estrutura para esperar esse processo de amadurecimento. Por isso, cabe ao dono detectar desde cedo quais competências realmente formam liderança dentro do seu negócio e, assim, começar a delegar funções na operação.

Outro ponto fundamental para Pedro é estabelecer treinamentos a partir de métodos eficazes. “O que as empresas fazem 99% das vezes são treinamentos esporádicos. Isso não é treinamento, é bate-papo. Treinamento é sequencial: treina, coloca meta, mensura, ajusta, treina de novo. É assim que gera resultado”, declara o consultor. 

Compartilhar as responsabilidades

Uma das principais barreiras para o dono sair do operacional é o medo de perder o controle. Pedro avalia que muitos empresários acreditam que só eles sabem fazer bem feito porque conhecem o custo de cada erro. No entanto, ele considera esse pensamento um equívoco, já que, ao compartilhar informações e dividir responsabilidades, a equipe também aprende a executar com qualidade.

Pedro ainda lembra que “quando o proprietário se afasta da operação, consegue ter visão macro e, automaticamente, a empresa cresce”. Nesse cenário, sair do salão, portanto, não significa renunciar ao controle, mas dar espaço para que o negócio cresça com autonomia.

Quer saber mais sobre retenção e treinamento de equipe? Assista ao episódio #80 do podcast O Café e a Conta. 

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