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O básico bem feito

Produção de refeições no estilo marmitas tem crescido no Brasil. Foto: Pexels

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Mercado de marmitas cresce 28% no Brasil em 2025 impulsionado por economia, praticidade e busca por alimentação saudável no trabalho

Diego Senra 03/09/2025 | 14:10

São muitos os motivos e tendências para explicar o aumento exponencial do consumo da chamada marmita, que descreve a refeição trazida de casa para ser consumida no trabalho. Esse movimento tem impulsionado empresas de alimentação pronta, além de supermercados oferecendo pratos porcionados e preparados para consumo imediato.

Apenas no grupo GPA, a categoria de “prontos para consumo” cresceu 10% nos primeiros 6 meses de 2025.
Podemos começar com dois dos fatores mais prosaicos: economia e saudabilidade. O primeiro é um aumento nos preços dos restaurantes, causando impacto direto no orçamento doméstico das classes B/C brasileiras. Segundo levantamento do Valor Data, de janeiro de 2022 a julho de 2025, o IPCA da alimentação fora de casa acumula alta de 26%. Esse cenário tem levado gente, que comia fora diariamente em quilos e botecos a levar marmita de casa algumas vezes por semana.

O segundo é a busca por uma alimentação mais balanceada e equilibrada, mesmo durante a rotina de trabalho, para combater os impactos da vida moderna na qualidade de vida, causados pelo consumo de fast-food e sedentarismo, por exemplo.

A chegada da gigante Keeta também põe luz nesse potencial de crescimento, principal razão da escolha do Brasil como mercado estratégico em sua expansão global. Para se ter uma ideia, a cidade de São Paulo tem praticamente a mesma população que a capital chinesa Xangai, porém faz 7x menos pedidos de refeições. Já o líder brasileiro iFood registrou aumento de 28,5% de crescimento na categoria “marmita” apenas no 1º semestre de 2025, em comparação ao mesmo período do ano anterior. E o número de estabelecimentos que passaram a vender marmita na plataforma cresceu espantosos 41,4% no mesmo período. A aposta das plataformas é tornar os custos de entrega tão baixos e acessíveis que as pessoas apenas deixem de cozinhar em suas casas para pedir comida em todas as ocasiões de consumo. 

Essa busca por praticidade e redução de custos também pretende acessar diversos perfis. Tem quem não queira ou não saiba cozinhar, quem não disponha de tempo, profissionais que trabalham em home office, famílias que buscam alimentação especial para bebês, idosos que necessitam de dietas suplementadas ou mesmo moradores de apartamentos pequenos, sem estrutura para receitas mais elaboradas. As razões são inúmeras, mas o resultado é unânime: cresce o consumo de refeições prontas, preparadas fora do lar.

Impulsionados enormemente por esse ganho de escala, tanto indústria quanto operadores do foodservice terão que se tornar mais ágeis, versáteis e competitivos a cada dia. Serão muitas oportunidades geradas em toda a cadeia de valor, desde a produção dos insumos até serviços e embalagens de entrega. Oferecer diferenciação de seus concorrentes, atendimento individualizado, qualidade consistente serão premissas para se estabelecer em uma tipologia onde as margens são muito apertadas. 

Cada vez mais, o desafio vai ser “fazer o básico bem-feito”.

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