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Aprenda a faturar mais em bares investindo na experiência do cliente

Em conversa ao podcast O Café e a Conta, os empresários Jonatan Albuquerque e Pedro Magalhães, trouxerem ensinamentos para quem quer investir na experiência do cliente: Foto: Lucas Bruzzi

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Faturar mais no setor de bares não depende apenas de estratégias financeiras, é preciso criatividade, ousadia e pesquisa. Descubra o que ensinaram os sócios do Grupo RED

Brener Mouroli 18/09/2025 | 17:13

Faturar mais é um dos principais objetivos de qualquer empreendimento, isso é um fato. Entretanto, muitos donos de bares e restaurantes encontram-se diante da seguinte questão: como aumentar os ganhos do meu negócio de maneira estratégica?

Esse questionamento é o que guia e faz muitos empresários desenvolverem mais criatividade e implementar novas formas de gerar entretenimento. Pedro Magalhães, fundador e sócio do Grupo RED e Jonatan Albuquerque, sócio e diretor criativo do Grupo RED – que gerencia diversas operações de sucesso como o Purgatório Bar, o Boteco Pirambeira e o Casa Irina, todos localizados em Salvador–BA–, contaram como usam da criatividade para lucrar mais.

Em conversa com Danilo Viegas, para o podcast O Café e a Conta, os sócios com mais de dez anos de experiência no setor, deram dicas de como fazem suas operações lucrarem mais a partir de experiências pensadas de ponta a ponta.

 

Na imagem, da esquerda para direita: Edno Alves, Jonatan Albuquerque, Iryna Podusovska e Pedro Magalhães. Foto: Take One Audiovisual

Gerando uma marca lucrativa

A história entre os empresários surgiu do desafio, mais especificamente da inquietação de Magalhães em criar experiências. Como conta, o primeiro investimento conjunto dos sócios foi em um speakeasy, um modelo de bar secreto e focado em experiências exclusivas.

Para criar este universo, os sócios focaram em oferecer aos seus clientes um conceito claro e que surpreendesse. Magalhães conta que uma das primeiras estratégias foi gerar no cliente um sentimento de confiança, usando da carta de drinques a qual os clientes não sabem, qual são os ingredientes que compõem a bebida.

“É um símbolo de confiança muito grande. Exatamente, e gerava uma provocação gigantesca na pessoa, você tinha que confiar numa imagem que você estava vendo no menu, e se você não quisesse, tinha parte dos drinks clássicos, mas para o cara que gosta da experiência aqui, gosta de ser guiado, né, e acho que quase todo mundo é movido por esses desejos, a pessoa fica em êxtase" , analisa Magalhães. 

Para Albuquerque, a fuga das modinhas e do hype da internet é uma estratégia que auxilia na criação de uma marca criativa e que oferece um conceito real para o cliente. “Nós sempre escolhemos o lado mais difícil de remar. Nós sempre escolhemos o lado contrário”, detalha Albuquerque, ao reforçar que esse movimento auxilia o processo criativo que permeia o negócio.

“Sempre brinco que a criatividade é infinita, faz com que a gente estude mais, pesquise mais, e dentro desse processo criativo vá criando gatilhos reais para os nossos clientes, transformando isso em experiência”, indica.

     
 

B&R: Como que vocês foram construindo essas marcas e solidificando esse sucesso?

Pedro Magalhães: Eu sou o cara que gosta de ser desafiado e de desafiar os outros. Eu falei, Jonatan, eu vou abrir um speakeasy focado na coquetelaria, e eu acho que você é um cara que tem que ser meu sócio, mas você tem duas opções, ou você vira meu sócio, ou você assiste de camarote. Eu sabia que estava plantando uma sementinha ali da discórdia na cabeça dele.

Jonatan Albuquerque: [...] Ele foi lá no bar que eu tinha, que era o Hidden Speakeasy lá em Aracaju, que foi o segundo speakeasy do Nordeste, que também era uma proposta completamente diferente, porque era um bar pequeno, para 30 lugares, não tinha senha para entrar. Então, o bar, na verdade, o Hidden, quando ele surgiu, você não conseguia nem fazer reserva, era igual o Facebook, você precisava ser convidado por alguém para ter acesso à reserva.

 
     

 

Experiência está no DNA

Além da necessidade de criar pratos e drinques que conquistem os clientes, como foi o caso da primeira fonte de Aperol Spritz do mundo. Os empresários reforçam que gerar uma experiência acolhedora deve estar no DNA do negócio, não ser apenas uma história contada sem conceito, sem um fundamento.

Um dos nossos diferenciais é que a gente foca na experiência. Isso realmente está no nosso DNAPedro Magalhães

Eles destacam a necessidade de criar um storytelling que seja verdadeiro e que tenha ligação com todo o contexto do negócio. Para exemplificar, Magalhães conta do caso do Royal Charlotte, um licor de mel de cacau, que não é apenas um nome bonito, mas um produto que possui uma íntima ligação entre sua história, extração e o contexto que está inserido.

“Royal Charlotte não é um nome que é bonitinho, porque é gringo, porque não sei o que, mas Royal Charlotte é um banco de areia em frente a Canavieiras, de onde vem o nosso mel de cacau. No sul da Bahia, uma das regiões mais produtoras de cacau do mundo, já foi a maior produtora do mundo”, exemplificou o empresário.

     
 

B&R: Como não cair nessa armadilha de, por melhor que seja o intuito, não fazer algo com um cheirinho de charlatanismo?

Pedro Magalhães: Todo mundo que escolher se destacar por uma experiência só porque é legal e porque é uma modinha, ela não vai sustentar. Fazer experiência dá mais trabalho do que não fazer experiência. Então, se você não é dessa teoria ou dessa linha, é melhor você não seguir. Porque a pessoa que foca em experiência, vai ter que se importar com o tipo do guardanapo, a gramatura do guardanapo, o tipo do papel manteiga se for embalar o hambúrguer.

Jonatan Albuquerque: Acho que a primeira coisa que a gente estava falando é você amarrar o conceito desde o início. Então, se você vai seguir esse conceito, seja fiel a ele até o final.

 
     

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5 ensinamentos para faturar mais

Confira a seguir, cinco dos ensinamentos apresentados pelos sócios do Grupo RED para lucrar mais em seu bar ou restaurante.

  1. Entenda a psicologia do consumidor para criar desejo: Magalhães menciona a teoria do "Sexy Canva", que defende que brincar com os desejos e os sete pecados capitais (luxúria, gula, etc.) torna uma marca irresistível. O menu sensorial do Purgatório, que não revela os ingredientes dos drinks, é um exemplo prático disso.
  2. Utilize a provocação para criar uma marca com personalidade: eles usam a provocação de forma estratégica, seja no nome "Purgatório", seja no desafio que Magalhães fez a Albuquerque ("ou você vira meu sócio, ou você assiste de camarote"). O maior exemplo é a campanha da "Sexta dos Organizados", com a frase "quem não é organizado é duro ou chora". Essa atitude cria uma marca que não tem medo de se posicionar, gera conversa e um senso de exclusividade e pertencimento para quem participa.
  3. Ouse explorar nichos e seguir o caminho menos óbvio: em vez de optar pelo caminho mais fácil, como colocar uma banda de sertanejo em um boteco, eles implementaram uma roda de chorinho no Pirambeira. Com isso, atraíram um público mais velho, com maior poder aquisitivo e que era carente desse tipo de programa, garantindo um público fiel e recorrente. A lição é que desafiar o convencional pode ser mais lucrativo e sustentável a longo prazo.
  4. Crie "gatilhos" estratégicos para gerar diferenciação e faturamento: os empreendedores ressaltam a importância de criar elementos únicos que atraiam o público e gerem mídia espontânea. A criação da "primeira fonte de Aperol Spritz do mundo" no Casa Irina não foi apenas uma ideia criativa, mas uma necessidade estratégica para competir com restaurantes italianos já consolidados. 
  5. Tenha coragem para testar e atenção aos detalhes que resolvem as "dores" do cliente: a decisão de ter um "passador de chope" no Pirambeira, que circula ativamente pelo salão, foi uma solução corajosa para eliminar um dos maiores incômodos dos clientes: ter que levantar a mão para pedir uma bebida. Pequenos gestos, como oferecer um "welcome shot" com um petisco salgado, não só acolhem o cliente, mas também estimulam o consumo.

Confira todos os ensinamentos que Pedro Magalhães e Jonatan Albuquerque sobre lucrar mais com experiência no episódio #122 do podcast O Café e a Conta.


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